Eu
É um erro estar a escrever
Porque é tarde
Porque tenho sono
Porque estou cansada
Mas quero dizer quem sou
E como existo
Haverá sempre aqueles pedidos de desculpa
Nos meus silêncios,
Nas minhas noites
Haverá sempre contradições
Sobre os dias
Sentimentos e manifestações
Idiossincrasias
Minhas
Trespassadas de palpitação
Ou de entorpecimento pro-ilusão
Em que as paredes aclaram
A tela intrincada de imaginações,
Dou-me e não me dou
Olho o futuro
As magias
Do sonho
As possibilidades intensas
Da existência,
Magoo-me
Nesse vácuo
Do não poder partir
E do não poder chegar
Espreito por de leve o amor
Como se a espuma de uma onda
Apenas fosse
Que eu não deixo ser calor
Um breve fogo envolto em bruma
Sem exaltação nem dor
O amor,
Essa parte de mim aparentemente tão ausente
Com a qual nunca me ofusco
Mas que no fundo,
No fundo
Profundamente a sinto
Profundamente
A busco
Ana Pena