segunda-feira, outubro 27, 2008

Where I end and you begin

(Domingo)

Do outro lado da rua ainda é Sábado
Onde estou já é segunda feira
(Domingo fica entre parêntesis)
Ontem fui debaixo das sombras das árvores
procurar um canto por entre a terra
Amanhã de manhã vou afastar as nuvens molhadas
(Hoje não fiz nada)
Durante a semana irei, estarei, farei.
No próximo Sábado será.
(No Domingo não conjugarei verbo algum)

no alarms and no surprises,
please?

domingo, outubro 19, 2008

Sábado à noite

Por cada partícula de luz cintilam tiros na lucidez
Em cada janela afastada encontrei as dúvidas espreitando
Virei o coração no dobrar de cada esquina
Por cada vela no rio, um abraço que partiu
sem ter sido dado.
Qual praça deserta sem significado
Lisa sem ninguém que a desgaste
Trago o coração verde e demasiado agarrado
aos ramos do nascimento.
Quando chove tenho sempre frio.
Qual passarinho desabrigado.
Quando faz frio
chove sempre
do outro lado.
Liberta-te som das gotas da chuva!
Libertem-se folhas caídas das árvores!
Liberta-te cabeça de vento!
Deixa de ser secreta.


Somewhere I'm not Scatterbrain,
You are gonna have to find out for yourself,
Scatterheart

I'll be your mirror


I'll be your mirror
Reflect what you are, in case you don't know
I'll be the wind, the rain and the sunset
The light on your door to show that you're home

When you think the night has seen your mind
That inside you're twisted and unkind
Let me stand to show that you are blind
Please put down your hands
cause I see you

I find it hard to believe you don't know
The beauty that you are
But if you don't let me be your eyes
A hand in your darkness, so you won't be afraid

When you think the night has seen your mind
That inside you're twisted and unkind
Let me stand to show that you are blind
Please put down your hands
cause I see you

I'll be your mirror

I'll Be Your Mirror
, Lou Reed

segunda-feira, outubro 13, 2008

Domingo de manhã

De dia as tuas pálpebras são duas pequenas chávenas de chá
De noite estão feitas de chinesa porcelana.
Duas elipses deitadas num sol que se pintou.
A leve descoordenação que existe entre o mover das tuas pálpebras
e o mover dos teus lábios
Balança-nos no mesmo mar que guiou aventureiros ao Oriente.
Há uma delicada latência nessas águas, frágil espuma ou névoa
Onde intermitências da vida e da morte se dissolvem
Como duas semi-luas no poente.
Se eu decidir partir na caravela
Que será feito dela caso o poente não pense assim?
Sentada sobre a areia ou talvez num banco de jardim
Questiono o que vejo, o que quero ou o que sinto.
Será que é impossível reaprender?
Deve ser.






Pintura: M.Rothko - White Center, 1950