sábado, janeiro 24, 2009

Edward Weston, Tina na Açoteia, 1923

A beleza de um fotógrafo ser fotografado.
Seremos todos voyeurs uns dos outros.


E quem gosta ... volta sempre.

terça-feira, janeiro 20, 2009


"Diego, esta carta es una mentira.
La verdad es que París no es el mismo sin usted."

Friducha, que va hacer con mi panzón?

segunda-feira, janeiro 19, 2009

Pro ba bi lística



Qual é a probabilidade de uma coisa que nunca aconteceu, acontecer?
As coisas que nunca aconteceram habitam um espaço probabilístico ambíguo e indefinível. Eu diria ... impensável?

Uma coisa que acontece 90 vezes em 100 tem 90% de probabilidade de ocorrer. A maioria de nós pensaria nela como algo provável.
Uma coisa que acontece 1 vez em 1000 tem 0,1% de probabilidade de acontecer. Por isso pensa-se nela como uma coisa improvável.
Mas uma coisa que nunca aconteceu, que probabilidade tem de acontecer?

Não é improvável, não é impossível. É o quê, então?

Medicina do Povo

AHAHAHAHAH, só isto para me pôr a rir caraças!!!

Qual pessegueira e qual patite!! :D

domingo, janeiro 18, 2009

Fucking Thrill

Eu não tenho de aceitar merda nenhuma.
Eu não tenho de estar fodida e aceitar.
Não tenho de me contentar quando vejo os outros a terem o que eu quero.
E se o mundo não é dos loucos é de quem diz-me lá? É de quem diz-me lá?
Eu só tenho é de mandar toda a gente à merda. À puta que os pariu.
Só tenho é de mandar esses filhos da puta irem foder para outro lado.

sábado, janeiro 17, 2009

Conversa

Memories always start 'round midnight
Haven't got the heart to stand those memories,
When my heart is still with you,
And ol' midnight knows it, too.

- Hoje vi um filme, Vergílio, e lá dentro vi o amor. Porque nada foi declarado, mas era claro.
- ... Se calhar devias consultar um médico. Sabes que eu já morri não sabes?
- Tu não morreste, e nem sequer sabes que não morreste. Nunca leste a "Aparição"?
- Também deves saber que é de mau gosto fazer piadas irónicas com um morto. Podes não gostar da resposta.
- Tens razão. Eu puxei o assunto amor, porque é que ainda não deste continuação?
- Chegou a minha vez de dar um ar de graça. Tu dizes que andas a ler o meu livro mas deve ser apenas para te convenceres que és intelectual. Caso contrário lembrar-te-ias...
- De...?

- 337. O vocabulário do amor é restrito e repetitivo, porque a sua melhor expressão é o silêncio.

- Então e se eu tiver vontade de falar sobre ele?
- Tentas falar, mas nunca hás-de conseguir. É um problema de linguagem.
- E se eu precisar de dizê-lo a alguém?
- Dizes. Em silêncio.
- Silêncio...o silêncio não diz nada ... Só desdiz.
- É em silêncio que as maiores emoções da tua vida acontecem. Que as maiores verdades se revelam. Como ... não diz nada?
- Tu falas mesmo como sendo o autor da Aparição ... terei de entrar no teu jogo então. Vou ter de acreditar em mistérios. Em revelações. Em indizíveis. Em impossíveis.
- Em equilíbrios e encontros icognoscíveis.
- Encontros icognoscíveis ... gostava de fazer uma pausa e ouvir-te falar disso, porque gosto de acreditar nisso...

- No insoldável de nós, com a sua mutabilidade, se decide radicalmente a escolha do quem somos.(...)É nessa relação da nossa liberdade com o icognoscível de nós que se cria o nosso "equilíbrio interior" - que é o único fundamento para as verdades humanas, com a determinação sensível do que está certo ou errado. A verdade é amor - escrevi um dia. Porque toda a relação com o mundo se funda na sensibilidade, como se aprendeu na infância e não mais se pôde esquecer. É esse equilíbrio interno que diz ao pintor que tal azul ou vermelho estão certos na composição de um quadro. Assim o que exprime o nosso equilíbrio interior, gerado no impensável ou impensado de nós, é um sentimento estético, um modo de sermos em sensibilidade, antes de o sermos em razão ou mesmo em inteligência. Porque só se entende o que se entende connosco, ou seja, como no amor, quando se está "feito um para o outro". Só entra em harmonia connosco o que o nosso equilíbrio consente. E só o consente, se o amar.

- É verdade. É pelo menos o que sinto, ou melhor, o que o impensado em mim sente que é verdade. Mas ... porque temos (ou será só de mim?) esta necessidade de dizer o que sentimos, mesmo que seja dizê-lo em voz alta só para nós mesmos? E depois percebermos que dizê-lo não vai fazê-lo sair.
- Desculpa ser tão agarrado aos meus próprios discursos. Mas também depois de lançar um livro, estranhamente, as minhas palavras deixam de ser minhas e ficam por aí, soltas no mundo. Por isso em relação ao que falavas talvez se eu te disser...

23. Escrever. Porque escrevo? Escrevo para criar um espaço habitável da minha necessidade, do que me oprime, do que é difícil e excessivo. Escrevo porque o encantamento e a maravilha são verdade e a sua sedução é mais forte do que eu. Escrevo para tornar possível a realidade (...). Escrevo para tornar visível o mistério das coisas. Escrevo para ser. Escrevo sem razão.

Percebas que dizê-lo o faça ser menos insuportável. Porque é excessivo e resistir à sedução de dizê-lo é difícil. Porque o que queres falar é para ti uma história de encantamento e maravilha. Porque queres tornar possível a realidade. O possível que ultrapassa o pensamento e é visível. Nem que seja numa dúzia de palavras, para que tu própria as escutes. E acredites. É uma vontade forte porque é do teu subsolo, porque é uma sem razão.
- Embora por mais que eu fale nunca consiga dizer o que quero. Vejo-o melhor do que o explico.
- Se o vês é bom, já tornaste possível a realidade. Porque já tens a certeza de que existe.
- Porque sinto.
- Porque sentes, essa é a primeira relação com tudo. E tu têm-la.
- O problema é que este possível, como tu dizes, é um impossível. Um impossível que me encanta.
- ... Eu não resolvo problemas. Só falo sobre eles.
- Tu não resolves problemas. Eu nem falar sobre eles.
- Porque é que em vez de te concentrares nessa vontade que tens de acreditar naquilo que tu já acreditaste, não tentas comunicar o teu problema ao seu motivo.
- Em silêncio?
- É possível dizeres "as tuas mãos são lindas, os teus olhos são lindos, a tua boca é linda, o teu cheiro é ... lindo, a tua presença é ... é ... linda" e todas as outras baboseiras em silêncio. Todas essas baboseiras ... lindas.
- Confesso que não és assim tão louco. Sabes porquê? Porque pode dizer-se muita coisa sem nada dizer se houver alguém disposto a ouvi-lo. Posso sentir um silêncio que se recolhe ou um silêncio que se expande. Posso dilatar o meu coração se houver espaço para isso. E o espaço não se diz pois não?
- Pois não. O espaço não se diz.
- O espaço não se diz.

- O espaço
- Não se diz


205. É Primavera. É bom encostarmo-nos ao nome e ser alegres. Porque há nomes que são já o que podemos ser neles. É Primavera. "E por vezes é Inverno". (...) Hoje, todavia, houve sol e havia já verdura à sua espera. Há uma aragem na tarde grande, olho da janela o tremular das folhas. O sol parte-se nelas num cintilar febril. Olho-as muito tempo até já não as ver. E o que vi depois foi uma alegria sem razão, que é a razão de tudo o que existe e a não tem. E escrevo isto antes de já o não saber.

quinta-feira, janeiro 15, 2009

Um Livro

44. Saber porque é assim. Que é que se desencadeia em nós para a emoção que vai ficar? Que é que foi ontem, há dezenas de anos, para o que veio a ser hoje? Como posso adivinhá-lo para amanhã? Porque nada foi nunca para o reconhecermos no que foi um dia. Houve talvez uma amargura para se esquecer. Uma ilusão que doeu. Uma nódoa negra para não ser claridade. Um vexame numa prega de nós que se compôs para sermos em lisura. Mas inserido nisso, qualquer coisa depois se avolumou, se sobrepôs ao mais, se desenvolveu em beleza na dissipação do tempo. Ninguém sabe se uma alegria passada desapareceu na memória ou é a alegria que veio a permanecer. Ninguém sabe se um dissabor é o mesmo que se abriu depois em legenda. Porque só o irreal permanece, ou seja o que nunca existiu. É o irreal que se não vê de todo o real que se vê. Que é que houve no que hoje me comove? Não o soube então para o poder saber hoje. (...)

V. Ferreira (1992) Pensar

quarta-feira, janeiro 14, 2009

Quarto 2046


- Fortunateley all women have a mistery to be solved by a man. While men have no misteries. They just have secrets. Secrets to be unraveled.
- The answer to that is
- Yes, you can.

domingo, janeiro 11, 2009

Eye Contact


Marc Chagall - Enchantement vesperal


contacto - do Lat. contactu - s. m., estado de dois ou mais corpos que se tocam

sábado, janeiro 03, 2009

I'm Mad About the Boy

You need to learn
And I need to be teached

We should not wait "'til the shine wears off"

Before that
we should get lost, we should get lost.

sexta-feira, janeiro 02, 2009

Queres um rebuçado de morango?

Eu sempre fui aquele
que tinha em mim
todas as incertezas.
Sempre fui entre nós
o estandarte da insegurança.

"Porque é que o céu
não pode ser sempre azul? Porquê?"

"E o que é que isso importa?
O que importa é que ele hoje está azul
não te preocupes mais..."

Sempre relativizaste tudo e por isso
posso dizer "foste o meu apoio".

O dia chegou em que, ou porque te cansaste,
ou porque finalmente te contagiei
com o meu Princípio da Incerteza
começaste tu a questionar.

"O que temos, o que teremos?
Sempre? Nunca?"

Eu não tenho respostas
só perguntas, tu já sabes.
Nunca "Fui teu apoio"

Quando quebraste a tua liberdade de viver
por tanto bateres na minha esperança de pedra
ficaram os cacos.
Os cacos de ti espalhados na minha vida.

- Queres um rebuçado de morango?
- Não

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Vou-te contar uma história:

Era uma vez um menino e uma menina que não sabiam o que fazer um ao outro.
Andavam a pé até se cansarem, brincavam até se fartarem e riam-se um com o outro.
Um dia a menina acordou crescida e começou a pensar. Pensou no presente, no futuro e no passado. E perguntou ao menino se ele também queria pensar nisso com ela em vez de brincarem como sempre fizeram.
Ele nem sequer respondeu.
Em vez disso perguntou-lhe se ela queria um rebuçado de morango.