segunda-feira, novembro 12, 2007

Uns contam-me como foi divertida a sexta-feira
Outros conversam acerca das árvores de fruto que têm no quintal
Outros perguntam-se porque será que estão sozinhos,
Enquanto vêem dançar os casais contentes pelo baile.

Eu já não me emociono quando olho para as estrelas
São um facto, não uma história que eu gostarei de contar aos meus filhos
Já tudo é simples e simplesmente

Porque esta chuva de meteoritos sem cor nem ruído
Porque este silêncio como resposta

Porque este peso, como se carregasse o fundo de um oceano
Porque esta viagem de dor até à Ilha
De cabelos e olhos castanhos
E mãos pequenas com o meu nome.

Já não tem fim, porque lhe perdi o começo.
E a única solução é cortar o fio
E desfazer toda a malha.

segunda-feira, outubro 29, 2007

domingo, outubro 21, 2007

A Flor do Natal salvou-me!



Obrigada Euphorbia pulcherrima ! :)
e Obrigada Maria :)

domingo, outubro 14, 2007

In Rainbows




Obrigada por terem voltado.

:)


domingo, setembro 02, 2007

Mountain Gorillas relax in the forest



Gosto de esfregar o meu narizinho nos meus braços, e deixar o cabelo escorrer pela minha cara. Gosto de esfregar o meu narizinho no teu peito e fechar os olhos com prazer. Gosto de abraçar-me e de abraçar-te. Gosto de sentir o teu calorzinho ao pé das minhas bochechas e de estender-me sem preocupações, contigo a meu lado. Sempre com o meu corpo perto do teu.

Soulmates

Gorilas da Montanha

Estes gorilas da montanha foram filmados no Parque National de Virunga, na República do Congo. Estes ternurentos meninos/as pertencem à família de gorilas Ruguendo! A
http://www.wildlifedirect.org/ partilha o dia-a-dia da vida selvagem protegida em África, pela voz das próprias pessoas que estão envolvidas nessa nobre tarefa. Através do site podem fazer-se donativos, que tenho a certeza serão bem canalizados, por tudo aquilo que li.
Infelizmente já só existem 700 gorilas da montanha em todo o mundo! Estes programas são por isso essenciais para manter a vida selvagem no planeta! É terrível saber que ultimamente este parque tem sido vítima de ataques por parte de rebeldes e traficantes que matam os gorilas. A situação tem vindo a agravar-se e incidente na semana passada um dos guardas foi assassinado e outra pessoa ficou gravemente ferida! É triste e revoltante ver tal acontecer. Pelos animaais e pelas pessoas que carinhosamente os protegem, merecendo homenagem, não actos bárbaros.

Fiquei enternecida por estes gorilas no vídeo. São animais que mantém entre si uma ligação amiga e aconchegante, calorosa, por vezes rara de ver nos próprios humanos! São seres que parecem muito pacíficos e meigos com pessoas, é difícil não nos rendermos!

Recentemente houve uma notícia muito feliz! Nasceu um novo rebento entre os gorilas da montanha! A mãe, Bilali, parece ser exemplar com o seu bebé! Muito protectora e carinhosa, dá gosto ver! A cria, essa ... é um amor!:)


sábado, agosto 11, 2007

Incrível!

Como Búfalos, Leões e Crocodilos se relacionam no Kruger Park!


www.boreme.com/boreme/funny-2007/battle-at-kruger-p1.php?emf=1

terça-feira, julho 17, 2007

Zeina w Nahoul

:)

Indo eu a passear pelo Youtube, numa pesquisa que envolvia cantores egípcios e dança do ventre eis que encontro esta versão libanesa da ABELHA MAIA :D

E agora pensa quem vê isto : "yahh o q é q isso tem?"

Pois é! O que tem é que em libanês a abelha maia chama-se ANA PENA! LOLOLO

Percam 50 segundos e ouçam estam preciosidade :D eu sempre soube que eu e a abelha maia...tinhamos mais coisas em comum do que parecia à primeira vista! Por exemplo andamos sempre a saltar de poiso em poiso à procura do pólen perfeito... e depois ficamos melancólicas... ainnn

segunda-feira, julho 16, 2007

sexta-feira, julho 13, 2007

Björk I'm here!!!!




I'm still here!.....fuck

terça-feira, junho 26, 2007

Don’t Let Me Be Lonely Tonight

É inevitável olhos de luz
É inevitável pele em chama
Quero-te pássaro vivo
Quero-te desatinado.
Impensável cabelos de vento
Cheiro dependente
Lupa nua
Beijo quente
Tua.
Campo incêndio
Manifesta claridade
Defeito perfeito
Vontade, à vontade
Líquido elemento
Halucinogéneo
Unguento.
Bolha amarga
Doce carnal
Ofereço-me
Fatal entrega.

Quero-te
Impossível seduz-me.

segunda-feira, junho 25, 2007

Música da semana



He said come wander with me, Love
Come wander with me
Away from this sad world
Come wander with me
He came from the sunset
He came from the sea
He came from my sorrow
And can love only me



How extremely lazy of me ...

Just perfect ....



"Come Wander with Me" is an episode of the American television anthology series The Twilight Zone (1959 - 1964). The "Come Wander With Me" song, composed by Jeff Alexander and sung by Bonnie Beecher herself, was performed in this episode (May 22, 1964).

Sôr Dr. Mariano Gago

Presto desta forma homenagem ao Dr. Mariano Gago pela Sr.Dona Merda de Ensino Superior onde só nos exigem dinheiro e nos roubam condições!


Um altíssimo Obrigado Sôr Doutor!

P.S. - 50 euros - inscrição em mestrados e em doutoramentos = letras escritas numa folha de papel.

sexta-feira, junho 22, 2007

Convallaria majalis

Líro-dos-vales ou Lírio-de-Maio


"How could I be so immature?"

sábado, junho 09, 2007

Sim, eu sei
Não, ou então
Sim
Sim, não sei

Rede, circulada na maré
Malha de tojo espiculado
Marinheiro
Mareante
Cargueiro de sonos salgados,
Onde andam as focas?
Onde ficou preso o meu queixo?
Rebrilham azuis de teus olhos
Magoados, não choram mas doem
Vejo-te por dentro afora
Adentro-me na esfera boleada
Baça de cansaço.
E espero
Mas a calçada humedece
Arrepios expectantes nos meus ossos
Não choras, dói mais ainda
Entristece a palavra
Como as focas faltam ao mar.
Ah cargueiro acossado
A rede prende-te em mil
Átomos sub-sobre-sentimentais
Teus mil olhos são vitrais
Que o sol nasceu despedaçando
Nos seus tons multi-plurais.
O tinir das máculas aflitas
Fendem as horas nos ponteiros.
Cortam-se as notas desiguais
E os timbres desinteiros
Vem à água
Venha à água
Toda a doçura
Dos açucares incertos
Reflicta o céu todo este acaso
Cabal, onde me acendo
Onde me fico.

Quando um dia eu lá chegar
Puxa-me
E faz-me ver tudo de uma vez.

quinta-feira, junho 07, 2007

Eu gostava dos cabelos, como o mar que corre de algas
Gostava de ...
a água suspirou.
O sonho é espuma, ainda,
o sal ainda água que evapora.
E ela suspira, eu gostava ...
Sopra, sopra, sopra, sopra!
onde mora?
numa casa de branco
que nunca a maré levou...
gostava de ...
a água inspirou.

Quero todas as criaturas retalhadas!
Quero todas as algas asfixiadas!
Quero o sol enterrado no azul profundo
Quero uma boca sem fim
uma boca sem fim
Quero ver o fundo!
Quero, quero, quero!
Quero estar no fim.

Possuir-me grotesco o mundo!
Encherem-me de pedras por aqui!
Ser abusada de tudo
Esvaziada de tudo
E depois violada por mim
violada por mim.

Quero que uma vaga
rompa pelos meus ramos sanguíneos,
e regenere cada espaço vazio
com que nasci
Que a minha boca cresça colada à garganta
para que eu não guarde palavras na barriga.
Quero um vómito
que me perpetue da morte.

E finalmente branca, nua
fragmentada
Ser o absoluto nada
Ser o absoluto nada.

sábado, junho 02, 2007

Light My Fire - Susan Jamison



O poder das músicas, de facto, é místico. Porque uma música depois de ser feita é feita muitas vezes. É feita de novo em cada ouvido que a escuta, em cada garganta que a repete, em cada coração que dela se invade. Cada pessoa toca a mesma música a diferentes notas, em diversas pautas de significados. Depois do músico a criar, a música já não é dele, nem de ninguém, mas um património de cada realidade e imaginário humanos.

sábado, maio 26, 2007

Shiuu

Uhhh I feel in love for you...

Uhhh How lovely that is, how excitedly colorful and emotional...

Uhhh How many butterflies and bugs

Uhhh Metallizing all this light warm in my tongue

Uhhh How many flavours of the sun, shaping the rainbow in my eyes

Uhhh I can feel it ... I can feel it ...

And after all I don't even like you more than anyone else.

It's a good day.

terça-feira, maio 22, 2007

Sinto um arrepio que se apodera.

Devo estar a chocar uma. Alguma.

Uau.

What that fuck are we doing here?

É melhor subir as meias pretas. E descer as pálpebras, fechando o casaco.

quinta-feira, maio 17, 2007



O mundo pode oferecer-nos
a mais bela taça de fruta
o mais requintado banquete

Se não tiver aquela laranja
aquele morango,
aquele bago de uva
Que tanto desejamos

Podem encher-nos com tudo
Que nunca, nunca
nos saciamos


"Ainda que eu fale
a língua dos homens e dos anjos;
ainda que eu tenha
o dom de profetizar e tenha fé
a ponto de mover montanhas,
se não tiver amor, nada serei
"

São Paulo

segunda-feira, maio 14, 2007

imagina...

imagina....


i'm praying for that...

terça-feira, maio 08, 2007

Apetece-me comer a Björk! Comer mesmo de comer, enguli-la.

Vou parar de ouvi-la durante uns dias. Isto já está a ficar exagerado. Já me estou a fartar dela, a entrar em paranóia.

Já está a deixar de ser natural.

segunda-feira, abril 30, 2007

Cyanide and Happiness, a daily webcomic
Cyanide & Happiness @ Explosm.net

Expurgação

Penetra gota a gota
Entre as pestanas.
Orvalho
Luz do dia
Treme o nervo a cada folha,
A cutícula escorre e humedece.
Excitada pelo orgasmo nascimento
Arrepiam-me os frios da luz quente manhã

E o vento sopra os grãos de areia
A minha alma antiga.

Da água ergue-se o meu esqueleto
crescido por árvores e ramos e terra

Varre a areia antiga
Lava o vento estéril

Não gosto de dedicatórias
Mas gosto de as fazer.
Porque adoro-te hoje
E amanhã não importas nada.
Qualquer pessoa que sejas.
Toda a gente.

Ela disse que eles eram os meus maiores amigos
mas o touro dentro de mim faz-me perder o controlo.

Amigos às vezes amo-os, outras detesto-os.

Varre a areia antiga
Lava o vento estéril

Falta qualquer coisa.

Deixa-me ser má quando sou má
e boa quando sou boa.

Deixa-me ser livre e verdadeira
Quando sou tua.

quarta-feira, abril 25, 2007

Rio aqui vou euuuuu

Hoje, dia 25 de Abril! Dia da Revolução, Dia dos Cravos, Dia da Liberdade!!! Recebi a seguinte mensagem no hi5 plena de Liberdade:)Deixai-me partilhar convosco:)....

"Somos o Frank e a Kamila. Moramos em Brasília mas estamos nos mudando pra o Rio de Janeiro dentro de alguns meses. Ele tem 37 , ela tem 20 anos - ela é bi e juntos procuramos um amor a três pra vivermos juntos no Rio. Já pensou em se estabelecer no Rio ? Bom se quiser nos conhecer e se tiver algum interesse em vir ao Rio pra passeio ou qualquer outro objetivo, ou se quiser aceitar nosso convite de amizade ou casamento, gostaríamos de poder ter a honra de te conhecer. Beijosssss...
luizfrank100@hotmail.com
kamilaaunica2@hotmail.com
61 84488036"

Fiquei muito contente e feliz em saber que já me pedem em casamento do outro lado do oceano!:)Epá finalmente encontrei a alma gémea e com o bónus de vir a duplicar!

Aqui ficam as fotos dos meus dois amores:













Este não dizia nada mas deve ser o Luzinho fofinho! lol

Segundo o hi5 esta é a "Kamila my heart"

P.S. - Epá só há um problema!Não sei como é que vou explicar isto aos meus pais....

(isto há com cada maluco....vai lá vai!)

domingo, abril 22, 2007


O medo é o nosso pior inimigo.

Se eu pudesse gotejar este óleo...este óleo essencial que destila dos meus poros.
O teu cheiro.

No meu pensamento,
Quando entras é jardim.

E os meus dedos procuram-te na pele.
Em mim o teu calor está por dentro,
debaixo.

E a flor tem
mil flores
a rebentar.

......

domingo, abril 15, 2007

Quando estava a cantar
Para aquelas gargantas desgrenhadas
E aqueles olhos a berrar
Pensava na planície deserta

de onde vim

Sempre fui introvertida
Mas cantava muito
E ria
E entregava-me no palco
"about the way you walk
and whisper and look..."

Ela
era uma mulher entre as outras
Como todas
Mas para ela
Era diferente
Era tantas

Talvez já tenha
descoberto
como deitar fora
as coisas pretas
e feias

cantando-as
elas saem

a música acaba
Quando eu sou minha

segunda-feira, abril 02, 2007

E assim passa o tempo,
Que me pinta amanhã olhos inchados
Saboreio o trapo na língua do vinho
vida,
desgastada.

Não fumes na cama
Não fumes na rua, ou no chão.
Hoje fui acordada por um monstro encharcado
Em lama
Engrossando rios
De olhos muito abertos e despertos,
Pingando sempre.
A demência da morte é talhar forçada em nossa dor
A boca impossível do Adeus.

Primeiro entrei na cozinha em camisa.
Abri a gaveta, escutei a janela … atenta.
Tirei a faca,
passei os dedos
Ásperos pela toalha.
Cortei o pão depressa
deitei no branco leve a cabeça
E pensei em rosas e no cheiro que elas não têm
Quando eu as penso, só.
Fechei os olhos,
a minha realidade é sempre a mesma embriagada.

Os lagos a luz as garças, são brancos são braços são barcas,
Chamando desconhecidos.

sexta-feira, março 30, 2007

What the fuck?





Você é "O sétimo selo" de Ingmar Bergman. Você é intelectual, preocupado com ocultismos. E além de tudo é um mistério!!

Faça você também Que
bom filme é você?
Uma criação de O
Mundo Insano da Abyssinia


segunda-feira, março 12, 2007

( V ) A Entrada do Templo.

Orgão divino e sobrenatural, alojado entre colunas gregas.

A Vagina é a Entrada do Templo.

quinta-feira, fevereiro 22, 2007

Troquei Paula Rego por cervejas e linguados

Baying
Paula Rego


Este quadro é da famosa pintora portuguesa Paula Rego. Insere-se na sua fase de criação "Dog Woman":) Hoje comprei os 3 volumes em promoção na Fnac da sua obra gráfica completa! Fiquei com uma forte curiosidade de conhecer mais pintores portugueses como o Amadeo de Souza-Cardoso e o Mário Cesariny ou a Vieira da Silva.


A verdade é que troquei uma vista de olhos mais atenta pela colecção para ir ter com uns amigos malucos, que decidiram comprar cervejas à Feira Nova. Cervejas Sagres diga-se! A Bohemia até entra agora a brancaaa epáaaaa que arrepios! E não são de prazer!


O balanço foi muito positivo visto que já há muito tempo que não dava arrotos sonoros como os que dei e já há algum tempo também que não treinava linguados! Obrigada pelo conselho: "Fecha a boca e trabalha mais os lábios!"


No ar pairou uma frase de mestre: "Epá os rapazes que eu gosto não me protegem, não me oferecem segurança, são coninhas! Os que eu não gosto querem-me comer (leia-se fo em vez de com)... epá e eu ... "Tá bem!"

domingo, fevereiro 18, 2007

Grândola

Chega em planície aberta. Respira por entre o repouso. Liberta a luz descoberta. Rima com Zeca Afonso.

Árvores. Passando como folhas em comboios. Focando os troncos desfocados. Nítidas como pedras recortadas, bordando a terra de grinaldas.

E eu sacrificada nos sobreiros. Retorcida, agonizada, sangrando os troncos de pele descarnada. Grossos nus, incandescentes, o sol avermelhando. E por fim com crueldade, cortada nos veios, a cortiça guarda o meu corpo enrugado.

A praia. Mar verde, areia molhada. O cheiro da língua salgada. O céu. Ferindo a luz dos olhos, desvelando todos os recantos do prazer. Os meus pêlos sentindo os grãos de vento moderado. O meu cérebro descendo as pálpebras. O calor subindo-me as pernas, desferindo-me moleza no peito. E tudo o que fica é o mais precioso nada como areia dispersada Ah, A praia.


Frio, ou o sonho quente na minha mão

Fosse escuro, fosse noite. Fosse luz, brilhasse o dia. Eu sei bem o que te fazia. Mergulhava a minha mão no teu peito, entrelaçava os meus dedos na tua traqueia e na tua aorta. Aconchegava a minha mão às tuas entranhas, amolecendo-a no calor da tua respiração, da tua corrente de sangue. E vagarosamente puxava, puxava. Puxava. Até arrancar-te. Até esvaíres-te indefeso nos meus braços. Até derreter-se na minha boca o arrepio da posse. O poder de submeter-te ao que quisesse. O poder de ter-te o tanto grande que quero, e não posso.
Assim possuído em minha mão, como um passarinho encurralado, colava a minha traqueia na tua, e a minha aorta ao teu coração.

Estrelinhas. Frias, pálidas, luzindo. Enfeitando como delicadas pérolas o manto do céu. Faróis minúsculos cintilando no preto oceano. Caracolinhos encaracoladinhos brilhando no escurinho.

E a lagriminha descendo sozinha a colina, com sua trouxinha de passado às costas.

sexta-feira, fevereiro 16, 2007

O Lavar das Tripas

... É esquisito quando queremos chorar e não conseguimos. Parece que ficamos com uma massa disforme e negra dentro da barriga e não conseguimos vomitar. E ela pesa muito.
É incrível como em 1h a minha opinião mudou drasticamente. Percebo agora que pior do que ter tolerância 0, é haver outras caras que já captaram os teus olhos. Mentes brilhantes, cultas, com os teus gostos. Captaram-te pelo cordão umbilical, pela raíz. E tu não as consegues deixar mais.
Mas eu ... meros segundos terei captado a tua gargalhada e apenas. Por isso tu escorres facilmente entre os meus dedos. E já não voltas.
É tudo uma grande bola platónica e teórica que mete nojo, é verdade. Mas quero lá saber, o blog é meu.

Por isso mudei de ideias. Para quê imaginar os teus olhos dentro de mim, cravados entre os meus tecidos e o meu sangue, se tu já me lavaste? Lavo-te eu agora...e a água que fique suja em vez de mim. Darei início à expurgação, embora espere e queira vacilar.

Dependência: Muita

bufa (de bufar), s. f. ventosidade que sai sem ruído pelo ânus e que tem cheiro desagradável; (antigo) peça de reforço, com uma asa, que se colocava nas armaduras, na parte anterior do braço esquerdo; nome vulgar da toninha.

bucéfala, s. m. género de aves anseriformes da família das anatídeas.

buço (Lat. bucceu) , s. m. bigode pequeno; bigode incipiente; parte constitutiva da rede de saco chamada cabeceira.

Já chega de obsessão pela entrada buc e buf do dicionário.

Cheira a bufa lá no laboratório de análises, que mais parece uma arrecadação. Porque é que eu desconfio sempre das velhinhas?
Enquanto olho para um sr. careca a tocar Carlos Paredes, no programa da manhã da rtp1, ele estrebucha, ele parece que tem rendas nos dedos.
Vejo que o Carlos Paredes e a Christina Aguilera têm algo em comum: as gaivotas. Um gaivotas nas mãos, outra gaivotas na voz.

Não me apetece falar com pessoas, apetece-me comê-las. Não é "comê-las" é comê-las mesmo. Começar pelos olhos (pelos teus olhos) engulidos, esmagados contra o céu da boca, apertados entre as amígdalas, afogando-se na saliva, conhecendo na descida a minha faringe, o meu esófago. Penetrando o estômago, boiando em ácido, levando pancada. Ahhhh conheçe o meu estômago. Vê o que tenho cá dentro. E eu já não preciso de falar. Contorce-te no duodeno, sofre com a minha bílis. Cega, cega tu que eu já estou.

Romantic Dreams

Marcus C. Stone

quinta-feira, fevereiro 15, 2007

A Inaudita Guerra da Migalha

Decidi que o grão de areia será desenterrado. Vou soltar a migalha que rói devagarinho, todos os dias, sempre que há tempo. Vou esticar a ponta do sorriso mesmo que não sorria. Deixar sair o sussurro do vento, deixá-lo evaporar e perder-se com os outros (sussurros) libertados. E na praia, na margem do rio, não olhar o horizonte e esperar. Agarrar a linha e falar com ela, oferecendo-lhe a espuma das ondas, que balouçam na minha piscina insuflável.


E sentir que os passos seguem embrulhados em celofane. Que a cancela do mundo ainda está por abrir. Que os pés deslizam nus e protegidos, mas desalentados. Onde não há frio não há fogo. Sem formigas, não há açúcar. E as abelhas moram para lá, depois de lá. O mel só o imagino, de amarelo, quando ele é encarnado.


Quem sabe o mar me engula e me ensine a nadar afogando. Quem sabe essa floresta cinzenta esteja mais perto do que eu imagino. E eu quero-a. Preciso dela para não ter só um metro e sessenta. Quero sem saber o que é mas o que parece, e por isso quem sabe o tiro seja maior do que espero e peço.
Quem sabe as palavras salvarão o início. Quem sabe as palavras querem que eu saia por elas mas eu não as deixarei sair.


Para quando conhecer o deserto do mundo? Para quando provar os espinhos da Terra?

Para quando amanhã, falar contigo e começar tudo?

quarta-feira, fevereiro 14, 2007

Patinhas brancas, alcochoando o alcatrão, passo a passo. Gato preto. Estrada escura. Noite, já caída.

E tu, na minha mente. Fazendo-me sentir gotas de desgosto.

Porque não te revelas, porque não me revelo eu?

sábado, fevereiro 10, 2007

Vejo,
a manhã arregaçando a noite,
os raios desfraldando o sol,
as nuvens almofadando o azul.

Penso em ti,
na promessa de ti
E depressa a chuva cai
Deformando a luz
Por dentro do que olho.

Há sempre a promessa de ti
Chorando as cortinas
do dia.
Tropeçando no escuro
Soluçando em branco,
Desaguando,
entre o frio
e o desencanto.

sexta-feira, fevereiro 09, 2007

As Palavras


As palavras
São como um cristal,
Algumas, um punhal
um incêndio.
Outras,
orvalho apenas.

Secretas vêm, cheias de memória.

Inseguras navegam:
barcos ou beijos,
as águas estremecem.


Desamparadas, inocentes,
leves.
Tecidas são de luz
e são a noite.
E mesmo pálidas
verdes paraísos lembram ainda.

Quem as escuta?
Quem as recolhe, assim,
cruéis, desfeitas,
nas suas conchas puras?

Eugénio de Andrade


Há palavras que nos soam mais deliciosas que as outras; mais doces, mais harmoniosas, mais agradáveis;
mais especiais.

Decidi partilhar algumas dessas palavras que são, para mim, particularmente belas. Todas pela sonoridade, quase todas pela encantadora conjugação significado-sonoridade (i).

Espero que deixem a vossa língua sentir-lhes lentamente o relevo, apreciando-as letra a letra.

dissidente (embora prefira o inglês dissident) - (Lat. dissidente), adj. e s. m. e f. que o a pessoa que diverge da opinião de outrem; discordante; que se separou de um grupo religioso ou político por divergir da opinião geral; cismático.

lupanário - adj. relativo a lupanar - (Lat. lupanar), s. m. casa de prostituição; bordel; alcoice; prostíbulo.


(i) misantropo - (Gr. misánthropos > miséo, odeio) + ánthropos, homem), s. m. aquele que tem ódio à sociedade, que evita a convivência ; (pop.) homem melancólico; adj. melancólico; sorumbático.

(i) resvaladiço - adj. escorregadio; íngreme; (fig.) perigoso.

(i) lascívia - (Lat. lascivia), s. f. sensualidade; qualidade de lascivo - (Lat. lascivu, saltitante), adj. sesual; libidinoso; devasso; lúbrico; bricalhão; travesso.

(i) luciluzir - v. int. lucilar; tremeluzir; luzir espaçadamente.

(i) jactância - s. f. defeito de se gabar com exagero; arrogância; alarde; bazófia; amor próprio; soberba; ostentação.

(i) necrotério - (Gr. nekrós, cadáver + térion, indicativo de lugar onde), s. m. lugar onde se expõem os cadáveres para serem autopsiados ou identificados.

(i) flabeliforme - (Lat. flabellu, leque + forma), adj. flabelado - (Lat. flabellatu), adj. em forma de leque.

(i) cirandar - v. tr. passar pela ciranda; joeirar; peneirar; v. int. (fam.) andar de um lado para o outro; dançar, cantar ou tocar a ciranda - (Ár. saranda, crivo), s. f. peneira grossa, com que se joeiram os grãos , areia, etc.; dança e descante popular.


(i) tibuteante - (não vem no meu dicionário, mas existe!) - de forma sinuosa, aos ziguezagues.

quarta-feira, fevereiro 07, 2007

Arte. Perfume esgarrando a Rosa. O barro doce da loiça. Tela molestada à inquietação da cor. O bronze movendo, sorrindo, vivendo perpetuado nos corpos do jardim. A Arte. Expirando-me aos píncaros do prazer.

A Alma. Talvez a presença transparente de alguém no banco, ao meu lado. Sustendo a bola do mundo. E de mim, o fumo. Ignoram-me de bronze os corpos mortos, no jardim. Há neles mais vida do que em mim. Vibrando com a frenética esfera dourada, celebrando o sol.

A Contra Alegria. O vento arfando o silêncio, descorando o rosto. O sossego de alguma coisa diluída, nos meus olhos. O frio lambendo o chumbo, a minha boca. A Alegria. Pendurada, de manhã, no infantário. Tinha fitas no cabelo bordadas, pela mãe. Tinha camisolas de Inverno também. Tinha flores antes do almoço. E a água sabia a gelatina.

O Vácuo. Ranger de folhas secas nuns pés cortando a fio. Um tiroteio guinchando o estalo do mundo. A Surdez. Nuvem sôfrega, abocanhando algodão. O Silêncio. Restolhar de folhas, chorando os mortos. A Morte. Garganta espessa engolindo.

segunda-feira, fevereiro 05, 2007

A Guerra


"Quero dar-te peixes vermelhos"

Para largares na tua poça lamacenta

A nadar de olhos rombos,

Pesando o sangue.

Quero estraçalhar-te a boca,

Pô-la surda e deformada

e queimar-te as mãos de golpes.

Quero ver a morte mastigando-te

o corpo infantil,

cuspindo-o estuprado

no silêncio.

sábado, fevereiro 03, 2007

Que faz aí meu sorriso?
Enlaçado nos teus passos,
Costurado ao teu casaco,
Desfilando por teus braços

Que faz aí meu contentamento?
Aninhado ao teu pescoço
Crescendo completo em teu abraço,
Ajeitando o coração em alvoroço

Que faz aí minha tristeza lassa?
Marchando euforia ensaiada,
Disparando palavras sem signo
Esburacando, esburacando, esburacando
Seus vermes à noitinha

Que faz aí minha inércia?
Erguendo o roxo de um lírio
Denso e profundo,
Seguro em desiquilíbrio.
Alguém partindo querendo a volta
Quebrado ao vício do delírio.

quinta-feira, fevereiro 01, 2007

Pôr esta era inevitável ! :)




Encontrei este casal algures pela net ... oferecendo sexo selvagem e drogas a todo o ppl do bem, do peace & love!

Fiquei tentada a conhecê-los, mas tive medo de viciar-me neles ... Acham que há motivos para isso? :)

segunda-feira, janeiro 29, 2007

Microfone de informações do metro, o som ecoa por toda a estação:

- 1..2...experiência, som... som, experiência... (pigarreia para clarear a voz). Bom, então o que nos queria dizer a senhora?

- Errr... eu... (envergonhada) ... eu só queria dizer, quer dizer... era mais pedir ... era... era pedir que... bem.... err.... que me comessem! A modos que peço que todo o homem que se sinta um Hannibal Lecter sexual, faça o favor de se dirigir aqui a isto, ao balcão das informações!Obrigada!

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Chego ao metro, àquela maquinazinha dos bilhetes azul e sem graça. O painel electrónico diz em letras coloridas : "Toque-me" (Porra, roubou-me a ideia!!). Já me imaginava apertando os lábios e projectando-os bem juntinhos pedindo um beijinho. Colocava as mãos nas mamas e apertava-as uma contra a outra, enquanto um fio de baba me escorria pelo queixo. (Acreditando que era uma loba sexy!). Com o espaço reduzido que os lábios espremidos me deixavam, repetia as letras do painel electrónico: Toque-me, Touch me, Touchez moi, Tóqueme.

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Recebo uma sms. Ao responder quero dizer Tenho de deixar de ser tão preguiçosa, mas apercebo-me que escrevi: Tenho de deixar de ser tão perigosa...

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(Eláá, ééé lecas, o que é aquilo?). Elevando-se nas escalas rolantes, emerge uma cara absorvente, cabelo ondulado escuro e quase pelos ombros, cara meio redonda, com um sinal algures perto da boca. Quando lhe vejo o corpo e o andar a legenda que surge por baixo é sem dúvida: "David Fonseca ligeiramente cocho".

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Siempre que te pregunto, que cuándo, cómo y dónde, tú siempre me respondes:
quizás, quizás, quizás...

Y así pasan los días...

(Confessa-me o Nat K.Cole)

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Antes disto tudo, há dias, tive medo quando ouvi o Thom Yorke cantar: Just 'cause you feel it doesn't mean its there...
Mais uma vez o velho comboio cinzento
Rasgou a névoa de horas idas,
Mais uma vez o antigo sentimento
Ressuscitou em brancas cinzas,
O linho dos sonhos recordado
Transluz ao sol depois da chuva,
Encosto fielmente ao parapeito
A minha cara apagada e batida
Cheira a limpo, cheira a terra
Teus fios de cabelo abalam com o vento…

… E eis que o céu se entristece
E se encolhe acanhado com a terra,
Mais forte agora é o mofo ameno
Que sinto esvair assustada da serra
Para sempre, a face mal enterrada
Teus fios de cabelo expiram sem tempo …
E brancos partem na negra galera …
O frágil linho tecido por dentro
Sobrevive num tear humano poeirento
Encostado ao parapeito sem lida
Aprendo a fadiga da vida
E os olhos sós, suspiram, cansados
Brisas que outrora houveram…

…O antigo comboio desfeito em tábuas
Range e vai com a dor, da minha pouca terra
Pouca terra
Pouca terra
de amor…

sexta-feira, janeiro 26, 2007

Dentro de uma Igreja

- Mãe
- Chiuu
- Mãee
- Chiu!
- Onde tá o Jesus?
- Ali
- Na cúz?
- Sim

A criança tosse, estava constipada... mãe e filho saem, ainda ouço lá fora:

- Já tá?
- Já
- Já tá?
- Já
- Já tá?...
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Passado horas saio da faculdade e sinto-me mergulhada na personagem principal de um filme sinistro.
Sozinha, no escuro, deparo-me unicamente com as luzes que saem de algumas janelas do c8, fitando-me do edifício imponentemente negro, como olhos misteriosos. Ouço a voz rouca e melancólica cantando "Simple Things" enquanto atravesso o frio chão de painéis de cimento. Ao dobrar a esquina encontro o vento cortante e o negro gelado. Não havia luzes. Os candeeiros do caminho que tinha de percorrer estavam todos apagados. Parei. Fiquei segundos a apreciar, segundos a ter medo e segundos a pensar o que faria. (Vou esperar que apareça alguém a sair, para colar-me aos seus passos e sentir-me acompanhada). Ao fundo surge um estudante e eu começo a andar rápido para o apanhar. Desci as esacadas e alcanço a estrada. Por trás estava um carro com os faróis ligados e quis o guião do filme que ele começasse a andar numa marcha mais lenta que a minha, sempre por trás de mim, a iluminar-me gentilemente o caminho em frente. No final da rua decido olhar de novo o meu misterioso benfeitor. Confirmei que era uma rapariga (obrigada!). Agora tinha a longa calçada, presidida pelo museu da cidade, para atravessar. Apesar de um cantinho de medo, eu sentia-me numa bela sala a deliciar-me com uma nova perspectiva sobre aquele caminho de sempre, que eu julgava já não poder trazer-me nenhuma novidade. (Pingo Doce: Onde os preços são mais baixos 20:00, 11ºC). As letras luminosas bem no alto são as únicas estrelas da noite. Nem reparei no susurro bruxo e cúmplice das árvores, mas sei que esteve lá.
Acompanhada somente por homens e rapazes, não me sinto bem nem mal, nem assustada. Até uma pontinha de orgulho. Concerteza algum terá olhado para mim. Caminho sobre a passadeira, passo o túnel, encaro o Bingo, dobro a esquina, entro no espectáculo pirotécnico que é chegar ao metro! Até os olhos me ardem. Todos aqueles flashes de luz!! (Apesar de oposto, eis que também é Belo). Entro no comboio. Enquanto a carruagem foge vejo através da janela os tubos verdes, vermelhos, amarelos a correrem pelo túnel. Reflectido no vidro, numa simbiose sobrenatural entre o escuro de fora e as luzes de dentro, as mãos raiadas de veias salientes (como as adoro!) de um rapaz, a acariciarem-se uma à outra. Tão levemente, tão intensamente.
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- Pena, tu usas estes pensos não é? - diz-me ele apontando a marca "Tena Lady" e estalando em gargalhada.
- Não! Eu uso mais estas fraldas aqui à frente! - retribuí - E tu gaja, o que usas? "Carefree" n é?
- Oh Pena...

Escassos minutos de excursão depois...

- Ahaha, para que é isso? Estes gajos são loucos!
- Isto? Isto são 252 maneiras de te masturbares e isto é...
- Mas aqui está escrito "252 maneiras de ganhar um jogo de xadrez" ...
- Não! Tu é que não sabes ler! E isto é uma foice para te matar e ele trouxe esta caixa para pormos os bocados do corpo dela, quando os cortarmos!
- Ahhhh, ok!! (isto não é normal!)
- E este livro aqui?
- Errr.. ah isto é 1001 maneiras de lavarmos as mãos depois de vos matarmos
- Ahahahah - ri-se o cúmplice maquiavélico, segurando uma grande caixa plástica.
- Ok! Ao menos escolheram uma caixa com tampa cor-de-rosa, obrigada

Escassos segundos de excursão depois ... já na caixa para pagar ...

- Pena, Pena! Pagas-me isto aqui se faz favor?
- Sim, tá bem - respondo reparando que é comida para piriquitos ... ou não? Não, era para..
- É para dar de comida à minha rata!
- Ehehehe! Ahahah! - ri-se o cúmplice maquiavélico novamente

(Isto não é normal! penso eu pela milésima vez, sorrindo:)
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Dia 28, Domingo:
Escrevendo estas palavras no blog, penso...

Como há tantas Igrejas sagradas!

segunda-feira, janeiro 22, 2007

Duas categorias e tá tudo dito sobre ♂

Ora bem após profunda reflexão cheguei à conclusão que os rapazes, os homens, whatever, caem todos numa de duas categorias:

a) Apaixonam-se pelo físico, procuram-nos porque precisam de apoio ou querem dar uma queca.

b) Apaixonam-se pelo intelecto e pelo que a rapariga, mulher, whatever, é mas depois são uns enconados (peço mil desculpas pela expressão) e não têm iniciativa!

Há umas variantes: uns são a) e querem parecer b) enquanto outros são b) e querem parecer a)!

Ora dadas estas duas categorias, a minha alma gémea ainda está para vir porque eu queria alguém b) que tivesse a pujança de a)! No fundo o que eu queria mesmo era um Pilósofo! Entendam como quiserem...eu cá tenho a minha interpretação!

Onde estão os Pilósofos?

Haverá uma terceira categoria?

Existe em Odivelas, na Fcul, em Portugal, ou terei de ir à Patagónia?

sexta-feira, janeiro 19, 2007

O que é que me vais oferecer no dia 14 de Fevereiro?



Declaro aberto o concurso:

O que é que me vais oferecer no dia 14 de Fevereiro?
As respostas têm sido engraçadas, queridas, ou profundos baldes de água fria!:)
Dêm largas à vossa imaginação e respondam a esta musa! Vencerá a resposta mais original, seleccionada por um extenso comité de júris constituido por mim.

quinta-feira, janeiro 18, 2007

Deus, o que sinceramente penso dele


E venha filosofia
teologia que farte
o que se pense de Deus
é só de Deus uma parte

Dizendo que é só amor
fazes Deus menor que Deus
cercas o ilimitado
dos limites que são teus


Agostinho da Silva

Este foi um dos mais acarinhados filófosos portugueses do século XX. Também poeta e ensaísta, afirmava a liberdade como a mais importante qualidade do Homem.
Obrigado Agostinho da Silva.

Mais quadras de Agostinho da Silva : http://www.arte-sempre.net/wpespiral/?p=40

Biografia: http://www.instituto-camoes.pt/cvc/filosofia/1910h.html

Mal Amada

Chega de mentiras vãs
quando todas as manhãs
acordas ao meu lado...
É que eu já não posso mais
partilhar os rituais
É tudo tão igual

Não me ames por favor
Que eu sou mais feliz
Que viver acorrentada
Foi coisa que eu nunca quis
Mais vale ser mal amada
É o que o coração me diz

Já não sei há quanto tempo
os teus olhos não me vêm
apenas passam por mim
É intenso este vazio
já não sei o que fazer
esta noite o amor partiu
sem sequer adeus dizer

Não me ames por favor
Que eu sou mais feliz
Que viver acorrentada
Foi coisa que eu nunca quis
Mais vale ser mal amada
É o que o coração me diz


Não me ames por favor
Que eu sou mais feliz
Que viver acorrentada
Foi coisa que eu nunca quis
Mais vale ser mal amada
É o que o coração me diz

Mafalda Sachetti


Música sublime!

I'M ON FIRE




God I'M ON FIRE!




quarta-feira, janeiro 17, 2007

Preciso de escrever! AHHHHHHHHHHHHHHHHH! Minto, preciso de gritar! Esta escória da sociedade!! Estes miúdos que não percebem nada, são todos iguais! Clones de merda! E risinhos, e brincadeireinhas, é tão bonito, que bem que eles se dão! Que belo! Se ao menos tivessem um cérebro para ver quem se interessa por eles, escória! Escória da sociedade! Corja! Gentalha! Imbecis!!! Ai que revolta adolescente para aqui vai! Como é possível que o correcto não aconteça? O correcto era ser para mim, não para as outras! Destino amaldiçoado! AHHHHHHHHHHH! Como? Como é possível que um episódio ridículo me deixe a escoucinhar feito uma adolescente num concerto dos D'zrt! Help Me!




Inveja, ciúme, ridículo

São essas as palavras

Sad Clown


terça-feira, janeiro 16, 2007







É uma explosão.




É uma invasão






Que eu evito ver.
Mas que escorre e percorre todos os limites do meu ser.






segunda-feira, janeiro 15, 2007

Hoje vi pessoas!!!

Saio de casa...não me lembro de como desci as escadas mas sei que o barulho das duas habituais voltas com a chave para trancar a porta me feriram levemente os ouvidos. Chego à porta do prédio e a luz resplandece através dos vidros... saio...Como as cores da rua são claras, há quanto tempo as não via e que saudades Deus meu! (momento de plágio do dia). Adoro Luz (e árvores!)mas a luz nos olhos que faz doer, não a luz na cara. Quer dizer gosto da luz na cara desde que não esteja ninguém ao pé de mim. Não olho para a calçada, só para a frente e para cima, para o céu. Atravesso o parque. Quem olha para mim deve ver-me andar aos ziguezagues. A árvore do meio já está tão nua! E tem pintassilgos empoleirados nos seus raminhos. Só agora me apercebo que já é Inverno! Perdi assim tanto tempo? As cores são diferentes, hoje. O céu está baço e lindo, tudo parece uma pintura em sfumato. Gosto de lamber a boca, como a Björk. Não que eu queira ser como a Björk, não tenho motivos para querer ser com a Björk ... porque haveria de querer ser como a Björk? Ora essa, tolice! Gosto de lamber a boca porque já gostava, antes de saber que a Björk também o fazia, claro! (ai, só eu e as paredes é que sabem!...) Chego ao outro lado da rua, não reparo na cara do condutor que parou na passadeira. Desconfio que nem reparei se algum carro parou na passadeira. Agora sim olho a calçada. Deste lado é mais clara, combina com o dia. Novamente as árvores estão nuas. Ah mas aquela não, e mais parece uma floresta de kelp! (Ok, algologia destruiu-me o teco). Tem umas vagenzinhas bordô. Muitas, comparada com as outras nuas. Prossigo embrenhada naquele semi-nevoeiro matinal. O rio. Hoje não é o rio sujo. É quase um rio de águas cristalinas. Quase uma pista de gelo. Como um espelho quieto. Quase posso patinar nele... Pronto, agora aqui à frente já se vê outra vez que é um rio sujo. Ah, chego aquele rés-do-chão. Hoje já está a roupa estendida. Não está lá o preto a estender a roupa cá fora. Ele deve ajudar a mulher, é tão engraçado. Costumo vê-lo de manhã a estender roupa com a particularidade de ele ter de sair de casa para vir estender a roupa na rua! Isso é giro. Se eu vivesse num rés-do-chão talvez já me tivesse apercebido que o Inverno tinha chegado! Passo agora por um caminho de quase todos os dias, de terra e estreito, ladeado por belas ervas rasteiras e cócós de cão (e talvez de humano, para ser correcta). Ah agora vejo a alfazema na borda da rotunda, mas hoje não apanho um bocadinho. A bomba de gasolina ainda não abriu. Ramos Catarino é a empresa encarregada da obra. Claro... o nome Catarino (a) é omnipresente (e potente!). Agora começo a subir a rampa que também é ponte, e o quadro muda um bocado. Há um cheiro esquisito, que deve vir ali do lado esquerdo da lavagem automática de carros. Novamente, o céu. Amplo mas desfocado envolvendo a cidade. Por momentos o nevoeiro parece-me uma pesada poluição. Mas rapidamente o meu idealismo do dia faz esquecer a hipótese. Noto que hoje me esqueci de dar as habituais duas voltas na camisola de gola alta, e dou. As camisolas de gola alta foram feitas para pescoçudos. Vem um homem gordo e com um saco preto sobre o ombro esquerdo (o meu lado esquerdo). Conforme se aproxima constato que é um cigano. Quase perto de mim ele pára, olha do alto da ponte e cospe para o rio lá em baixo. Não fico com muito nojo mas quando olho lá para baixo e vejo a água com aspecto sujo fico um bocado incomodada. Mais à frente no caminho está uma rapariga, da qual não recordo nada. Passo para o outro lado da estrada. Estou num passeio estreito de onde sinto o vento dos carros a passar e do meu lado direito tenho paredes sujas e pretas. Imediatamente à minha frente está uma preta empurrando freneticamente um carrinho de bebé. Ela não tem praticamente cabelo, está muito muito curtinho, mas mesmo assim vê-se que é carapinha. Traz umas calças brancas que estalam naquele cenário sujo e escuro. Por baixo tem umas cuecas ou vermelhas ou rosa, não percebo muito bem, mas que se notam perfeitamente por baixo das calças. Fico quase enconstada a ela a olhar para o rabo a ver se percebo de que cor é que são afinal as cuecas. Apercebo-me que é melhor tirar dali os olhos porque pareceria estranho às pessoas que vêm na direcção oposta. Iam ver um bébé num carrinho, atrás uma senhora a empurrá-lo e atrás dela uma miúda a avaliar-lhe o rabo. Não era uma quadro muito bonito. Continuo e só quando chego perto da entrada do metro, ao pé das cascas de laranja, é que penso, vou pôr isto no blog. Como é habitual há senhora a vender botinhas de criança e camisolas de gola alta à entrada do metro. Hoje não está lá a que vende as botas, ontem lembrei-me dela e achei que devia ter comprado um par que lá estava a semana passada. Entro na estação e compro um bilhete de ida e volta. Faço parte dos 5% de pessoas que sobem as escadas do metro a pé. Vejo uma senhora de terceira idade (este nome é feio) quase a a terminar a subida, no topo das escadas. A minha experiência a subir escadas de metro diz-me que dos 5% talvez a maioria sejam velhinhos que sobem as escadas do metro a pé. Isso é bonito! Sento-me à espera. Passa uma senhora baixa mas com botas altas e aspecto seguro, mas reparo que tem uma estranha mancha na narina esquerda (a dela e a minha). Porque é que há gajos que usam as calças apertadinhas? Para se ver o cú? Aquilo até os deve magoar. Gosto mais dos que usam calças largas as calças apertadas no rabo não ficam bem... ah pera, mas àquele ficam...hum nice! Ah é pena fumar!... O metro chegou. Entro. A senhora que subiu as escadas senta-se. Eu fico de pé perto dela. Quando for mais velha quero ser assim, continuar a subir escadas com a força dela, usar batôn e pôr-me arranjadinha como ela. Cheira pum, que mal! Não fui eu, a sério! Se calhar até foi a velhinha! Ponho-me a tentar fazer a ridícula estatística de quantos africanos existem na carruagem, mas desisto. Numa paragem qualquer entra um rapaz enigmático. O cabelo é bom de mau e tem a cara gira. Vêm colocar-se estranhamente perto de mim. Eu até gosto, sinto-me mais ou menos aconchegada. Ele cheira...cheira...ao Eduardo. Epá ele faz-me lembrar o Eduardo, é isso, o Eduardo. Ah mas desta vez não o vou deixar fugir (ou vou?) Epá que cheiro, é mesmo o Eduardo! Que momento bizarro. Sinto-me ligeiramente desconfortável porque está demasiado próximo, ou então sou eu a fazer filmes porque está muita luz no metro para eu estar perto de alguém. De qualquer das maneiras se vivesse no planeta Marte era bem capaz de me deixar descair como quem não quer a coisa para os braços dele e ficar naquela bizarria hipnotizante. Saio do metro e imagino que ele possa ter olhado para o meu rabo, ficando desiludido (:D). E logo hoje que estou tão encolhida! As escadas rolantes deste lado estão em manutenção. Dou a volta e dirijo-me para as outras escadas. Quase bato numa senhora. Mais uma vez declaro para mim própria que o metro é um local lindo para uma filmagem, cheio de poesia feita de imagens. Muitas vezes imagino que alguém dentro do metro em andamento olha para mim na estação e me deseja. E fica assim a olhar para mim e a ir embora. E eu sinto-me especial! Sim, definitivamente o metro é um local cheio de perspectivas fantásticas. Saio para a rua. Com sempre uma rapariga distribui uns papéis laranja à saída. Atravesso a passadeira, o cabrão do taxista quase parece que me vai atropelar. Vejo uns miúdos ao fundo, com as malas às costas, parece que estão a fazer um comício, que giros! Dobro a esquina e penso que só tenho estado atenta a pessoas e que não pode ser. Tento observar outras coisas. Ok, do lado esquerdo tenho o bingo do Sporting, por isso não. Em cima passa a 2ª circular, que tem a sua beleza mas não hoje particularmente... Ah, o semáforo verde, fixe! Passam agora dois corredores de calças bem justinhas men, de licra!Epá mas estas ficam mesmo muita bem! O atleta preto olha para mim, há uma fracção de segundo em que o tempo parece que pára... ai tinha cá umas pernas ... mesmo de atleta, com músculos definidos....hum...! Ok, com isto desisto de dedicar atenção a coisas.Prefiro observar pessoas, afinal ultimamente só me tenho visto a mim e a seres com os quais tenho consaguinidade (excepto a namorada do meu irmão e os meus piriquitos). Preciso de pessoas, sozinhos não somos ninguém. Pronto, e com o deslumbramento pelos atletas o semáforo fechou e agora tenho de esperar. Ultimamente tenho o hábito de não ficar parada à espera que o semáforo abra. Começo andar às voltas para trás e para a frente e gosto de ver a cara das pessoas, alguns com aquele olhar "o que tu queres sei eu!" e eu imagino-me a responder : " pois é, queria umas massagens!" Entro agora na parte que mais gosto dos meus dias de faculdade, ou seja na parte que mais gosto da maioria dos meus dias: árvores. Do lado esquerdo e direito: árvores! Árvores dentro do Museu da Cidade, árvores em frente ao Museu da Cidade, àrvores no jardim do Museu da Cidade, àrvores entre o Museu da Cidade e o jardim do Campo Grande, àrvores no jardim do Campo Grande, àrvores em frente à estátua do Peixoto. Àrvores a fazerem sexo como sol. Inicio, depois do êxtase com as árvores, o belo do pisoteio das gramíneas do relvado do C8. Faço corta mato porque como adverte um amigo de uma amiga minha a hipotenusa é menor que a soma dos catetos. Atravesso a faculdade em direcção ao c2. Dentro do c1 caio na realidade e começo a ficar nervosa com aquilo que até aqui tinha evitado pensar. Se o prof de Algologia chegou antes de mim, saberá que estou a entregar o exame depois do prazo e pode anular este conjunto de papéis que tão "sofridamente" me custaram a escrever (e que me privaram tantas horas de ver pessoas!) Aproximo-me da porta de abertura automática do c2. Quem será que vou encontrar? Amigos? Quais? (e o professor Pena, e se encontras o professor?...) Ok, estou no topo do corredor, os correios dos profs ficam lá ao fundo. Ao longe vejo um homem --> o professor? - Não. Vê-se logo pelo rabo ... e pelas costas!:). Chego à caixa do correio, o nervosismo acelerou ... AH! O prof ainda não tinha vindo buscar os exames! Yupiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii! Safei-me!!!!! :) Sou a pessoa mais feliz do mundo!!! Ok, sem exageros a mais feliz de Odivelas! Err... do meu prédio? Andar?.... Não interessa! Fico com um sorriso na cara a puxar para a gargalhada e apetece-me dar um pulo! e dou por dentro, se calhar até dei por fora e nem me apercebi! Dirijo-me para a sala de computadores e começo a escrever esta verborreia mental! Já estou nisto há duas horas e nunca pensei que ainda tinha cabeça para o fazer!
Para acabar em beleza, o meu leitor de mp3 não teria as pilhas gastas e eu podia ir para casa a ouvir Radiohead e Nat King Cole.
:)

sexta-feira, janeiro 12, 2007


Porque é que se eu não gostar de cães e crianças, tenho mau coração?

Gosto de árvores, mas ninguém me diz que sou boa rapariga por isso! Mas se fizer uma festinha a um cão ou disser : "oh, que bonita criança" já sou uma gaja sensível e carinhosa, que vai ser uma boa mãe!

Pois bem há dias em que não gosto de cães nem de crianças! Tou farta de ouvir todos os dias o bebé da minha vizinha a berrar e de ver cães a receberem mais festinhas do que eu!
Em contrapartida idolatro árvores, árvores, árvores, porque não chateiam, calam e ouvem. São sempre reconfortantes e transformam o lugar mais cinzento no mais resplandecente. Nunca me criticam, nunca me acusam. Como a sua resposta é o silêncio, admito que me compreendem e isso enche. São os seres vivos mais pacientes que conheço, e isso é uma qualidade fundamental para lidar comigo...
Qualquer dia passo a já não saber falar com pessoas, porque já só quero falar com árvores!

quinta-feira, janeiro 11, 2007

Hoje chegou um embrulho com tudo
Vi e ceguei,
Porque já nada mais há para ver

O significado é esse
Nunca conseguir ver tudo
Para continuar a querer
Sofremos porque não sabemos
Vencemos porque continuamos

segunda-feira, janeiro 08, 2007

Deus!!!!!! Ah.....

Deus nasceu um dia daqui a muitos anos
Reza a história que lhe ouvi contar
Todas as noites chamo Deus para dentro
Todas as manhãs ele sai para vadiar
Parece que na sua imensidão se perdeu
E saiu da terrena órbita infernal
Consta que decidiu pousar para um anúncio
De uma mui respeitada estância termal
Lá para os lados da Cassiopeia,
Aquela que saiu com o Apolo
E apareceu de barriga cheia!
Aproveitou para uma massagem e um chá com vista para o céu
Mas recusou a volta de boleia.
É que um Buraco Negro vinha a caminho
E ofereceu-lhe o lugar do lado
Mas Deus deu logo a piada babosa “Deixe estar!
Para buracos já me chega o do Orçamento de Estado!”
Deus é a maior e mais importante entidade
Fez o amor e os passarinhos, as flores e os coisinhos
E tudo aquilo que ao pensar me faz ter vontade
De chamar o Gregório para apreciarmos juntos a beleza
Ele é grande, Ele é fashion (não usa suspensórios) e sabe sentar-se à mesa
Concerteza! Desde que não sejam treze Deus come tudo e não deixa nada
Ficou traumatizado porque aos treze lhe comeram a namorada!

Ah, hoje pedi a Deus que a Guida não visse isto!

sábado, janeiro 06, 2007

Eu queria emigrar para um país cheio de árvores


Eu queria viajar para um sítio com palmeiras e água quente.
Sentir nos pés a areia do descanso e no cabelo a ausência de pensamento.
Partir porque isso significava deixar para trás os Invernos e a lama
Chegar a um destino ensolarado pleno de florestas virgens
Perfumar o meu corpo de ramagens e vestir-me de árvore ao pôr-do-sol.
Eu queria ir para esse mundo onde o medo não me afronta
Onde o amor vence desde o dia que raia à noite que acorda.
Queria ver rapazes amarem raparigas
A calma apaziguar os corpos e o suspiro leve do vento embalar os corações.

sexta-feira, janeiro 05, 2007

Faço de tudo. Abro e fecho a página do google 200 vezes por minuto, passeio entre os blogues, escrevo coisas estúpidas no meu blog, verifico 200 vezes por minuto como correm os downloads, vou 200 vezes aos sites porno (que diga-se perderam toda a originalidade), finjo 200 vezes por minuto que tenho de repetidamente rectificar o hotmail porque espero um mail urgente, ligo o rádio e danço durante uma hora (fogo, passou rápido) porque afinal preciso de relaxar antes de começar, convenço-me 200 vezes por minuto que amanhã vou iniciar o estudo e fico com um sorriso de satisfação. E o pior é que acredito mesmo. Já não sei o que fazer. Ah a minha mãe teria uma resposta pronta: "Limpa o pó, passa a ferro, apanha a roupa, limpa a casa, sê uma menina como eu vejo tantas!" E ela tem razão, mas eu sou uma preguiçosa. Também há-de haver outras tantas como eu, ora! A verdade é que eu não posso dizer que não vou fazer estes exames para limpar o pó e lavar a casa-de-banho porque se pudesse fazia isso!
Basicamente estou empalhada. Levanto-me, faço xixi, e coloco-me de molho em fermol (perdão, álcool, que fermol é cancerígeno) em frente ao pc. E que bela vidinha. Levanto-me para comer e passo pelo wc, afinal já tou há 5 horas a tentar dialogar com o logótipo do google e tenho necessidades para fazer.
Aiiiiiiiiiiiiii

Mariposas!

Aí vinha ela aproximando-se moribunda, voando como se tremesse. Ela aí vinha, a mariposa. Antecipei a suavidade do encontro, acreditei que era hoje, era hoje que eu ouvia o que ela tinha para me dizer.

Não sou paranóica, nunca lhes liguei muito, não sou daquelas miúdas que coloca borboletas e lacinhos em tudo quanto é sítio. Isso até me dá um certo enjoo cor-de-rosinha. Mas desde este Verão que olho as borboletas de outra forma. Elas vêm ter comigo. Corrijo: elas vêm contra mim, não passam por baixo, nem por cima, nem de lado. Vêm contra mim.
Ok, podia ser das cores berrantes que às vezes uso, afinal há quem me chame escandalosa. Mas mesmo quando estava tão sombriazinha elas vinham como balas delicadas.
Cogitei (uau) a possibilidade do meu cheiro as atrair e entontecer (por ser muito bom) e isso podia explicar aquele voo trémulo desenhando os suspiros do vento. Mas essa hipótese foi logo posta de parte, porque me apeteceu.
Então percebi. As mariposas têm algo para me dizer. Elas passam, suavemente, parece que o tempo pára quando elas roçam, quase ouço. Quase ouço ... Eu sei. Elas têm algo para me dizer mas não percebo se elas passam demasiado rápido, se eu não ouço bem, se elas são tímidas, se eu é que sou demasiado tímida para acreditar. A verdade é que eu sei, porque sinto, elas têm algo para me dizer.
De cada vez que elas vinham comecei a desviar-me, não fossem as pobres desfazer-se embora eu desconfie que elas até iam gostar. Parecia que vinham entregar-se de livre vontade à morte (não gosto de falar disto, fico logo com uma lágrima no canto do olho).
Bom, hoje pensei que era desta, que aquela mariposazinha ia demorar-se um pouco mais, vinha tão entornada, meio inclinada. Ali estava aquele ser fantástico, sobrenatural, destinado a entregar-me a mensagem preciosa que iria ajudar-me a perceber tudo o que existe. Aproximou-se e aquele momento foi quase um orgasmo...ela ia dizer-me o que todas as outras houveram tentado! Bateu-me, quase caí do passeio. Desviei-me, e ela demorou-se colada a mim, pegada, quase ronronando por um miminho ... Eu estava no auge durante aqueles intermináveis segundos onde pura e simplesmente não foi emitida qualquer mensagem. Passou, já estava atrás de mim, eu já estava atrás dela, esquecida de novo. Ah... aquela cabra! Com aquele porte tão frágil, aquela corzinha débil, ali a bater-me como a querer acordar-me, a querer atingir-me, a querer chamar-me. Cabra, e não me diz nada. E eu a pensar que as borboletas são seres superiores, enviados dos céus, para me darem um sinal qualquer. Hei-de estrangular-vos, torturar-vos até sair daí essa conversa! Retirar lentamente cada asinha, cada patinha, cada antenazinha!
Até lá quem sofre a tortura sou eu, só penso nisto, o quem terão elas para me dizer? Decidi que o assunto era urgente e de extrema importância e que a época de exames podia esperar perante esta situação. Vou descobrir este mistério, e este semestre fica para segundo plano. Falei com os meus pais, disse: "Pais, as borboletas têm algo para me dizer, vou esquecer a época de exames e dedicar-me a este assunto"
Eles responderam: "Ok"
Parece-me bem.
'Por muito tempo achei
que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo. Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada,aconchegada
nos meus braços, que rio e danço
e invento exclamações alegres,
porque a ausência,
essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim'.

Carlos Drummond de Andrade


Epá um dos meus poemas preferidos de sempre. Coisa mai linda!

... pela Inquisição

Eu não implorei nada, mas esperei. E esperar tem a violência do estar sem ter, a brutalidade da falta oferecida de presente. Obrigada. Eu não pedi, mas esperei mudamente e nunca veio nada em resposta ao meu silêncio. É claro. Compreendo. Eu não tentei, não corri, não andei. Mas esperei. Pensava que para viajar bastava sentir como dizia o Alberto Caeiro. Acabas de desafiar o Fernando. Espero que ele te venha assombrar nestas noites em que eu continuo à espera. Nestas noites em que pensar incomoda como andar à chuva. E pensar em ti incomoda como ser queimada em praça pública pela Inquisição. Sinto-me acusada de ser. Uma imensa culpa do que sou.

Ah, obrigada.

Poema de Inverno

Veio de longe, e mal chegou
partiu para mais longe ainda:
só o tempo justo para fazer
das águas dormentes do meu trôpego
coração
um rumor de sílabas matinais.

Como toda a gente que partilha
com a luz a sua vida
era muito inocente, trazia do local
onde nascera
o ardor das coisas do mar.

Não sei de alegria tão pura
como a que morava nas molhadas
pedras dos seus olhos,
e baila ainda nas chamas
em qualquer lugar da casa.

Ao fim da tarde, o canto
do pequeno pássaro e o vento diziam
a mesma coisa: não deixes o incêndio
do deserto invadir-te o coração.
Sem que tu o suspeites, sequer.

Eugénio de Andrade in Os Sulcos da Sede

Retirei este poema de um blog que visitei recentemente ...
Agarrou-me especialmente a última estrofe como se estivesse a ler o que estava escrito dentro de mim. Não quero deixar que o incêndio do deserto invada o meu coração, sem que eu o suspeite sequer.

quinta-feira, janeiro 04, 2007

Dançar na promiscuidade da incerteza

Pensar faz mal, pensam alguns:) ……

Meditar no sentido disto, da vida, talvez não faça sentido nenhum, talvez faça todo o sentido. A verdade é que ela não existe. Tudo é um grande não saber, um grande talvez, uma grande hipótese. Quem sabe tudo o que sabemos são apenas hipóteses à verdadeira realidade que na realidade não conhecemos. Pensar nisto é embarcar numa dança sem passos ensaiados, sem destino, onde as surpresas surgem na expressão do nosso corpo. Num Universo tão promíscuo de dúvidas, de interrogações, de inquietações, ter certezas pode ser uma fortaleza ou uma fraqueza. Se não virmos um propósito em tudo isto, a vida perde o valor e nós perdemos a vontade nela. No entanto, o nosso propósito pode ser não haver propósito nenhum e isso pode enlouquecer-nos … ou pacificar-nos.
As incertezas podem assustar-nos ou simplesmente libertar-nos.
E eu adoro dançar.