"Às vezes pensava que Pelletier era um amante mais qualificado. Outras vezes pensava que era Espinoza. Observando o assunto de fora, digamos que a partir de um âmbito rigorosamente académico, poder-se-ia dizer que Pelletier tinha mais bibliografia (...).
Pelletier, em compensação, tinha lido o divino marquês [de Sade] aos dezasseis anos e aos dezoito tinha feito um ménage à trois com duas colegas da universidade e a predilecção adolescente pela banda-desenhada erótica tinha-se transformado num adulto, racional e comedido coleccionismo de obras literárias licenciosas dos séculos XVII e XVIII. Falando em termos figurados: Mnemósina, a deusa-montanha e a mãe das nove musas, estava mais perto do francês do que do espanhol. Falando sem papas na língua: Pelletier conseguia aguentar seis horas a foder (e sem se vir) graças à sua bibliografia enquanto Espinoza podia fazê-lo (vindo-se duas vezes, às vezes três, e ficando meio-morto) graças ao seu ânimo, graças à sua força."
2666, Roberto Bolaño
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