quinta-feira, novembro 11, 2010

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A cidade ainda está poluída de ti. Há ruas onde é impossível não ver a tua cara, instalaram a tua gargalhada e usaram a cor dos teus olhos para pintar os vidros de manhã. "Fazes falta, Pena" "Não te esqueças de nos vir visitar quando te fores embora".
Eu vou.
Ele também faz falta. Não é ele que faz falta. É quem eu julgava que ele era que faz. E custa largar essa ideia quando ela é tão boa e sabe tão bem olhar para ela. Tenho agora de me habituar a despir os prédios das sweats da Nike e apagar as naus do Moby Dick. Tenho de escolher. Tenho de escolher. Se eu quiser eu consigo. "O tempo apaga tudo". Mas e se eu quiser prolongar, prolongar os braços até já não ver onde eles andam... a vasculhar os corredores infindáveis do hospital à sua procura. A destapar as sargetas na rua para ver se se escondeu outra vez do mundo sem o mundo saber que se escondeu. A vê-lo escoar-se de novo para o rio. Outra vez com medo, outra vez tentado. Porque não arrisca nesse monstro que desenhou, que sou eu, não sou? "Tu estás completamente enganada...". Eu não acredito no que vejo. Passo a ver aquilo em que acredito. "Tu estás completamente enganada...". Mas sabes eu descobri uma coisa maravilhosa. Que tem tanto poder, um poder que nunca imaginei. Nunca pensei que perder a esperança fosse tão bom. Posso exilar-me e viver só de acreditar nisso. "Tu estás completamente enganada...".
Pois estou. É por isso que evoluo. "E as tuas obsessões evoluem contigo".

Ah... espertinho.

2 comentários:

Taiyo85 disse...

wow...

Acho que fiquei sem palavras...

Rute disse...

"Nunca pensei que perder a esperança fosse tão bom..."

Correctíssimo.