quinta-feira, fevereiro 15, 2007

A Inaudita Guerra da Migalha

Decidi que o grão de areia será desenterrado. Vou soltar a migalha que rói devagarinho, todos os dias, sempre que há tempo. Vou esticar a ponta do sorriso mesmo que não sorria. Deixar sair o sussurro do vento, deixá-lo evaporar e perder-se com os outros (sussurros) libertados. E na praia, na margem do rio, não olhar o horizonte e esperar. Agarrar a linha e falar com ela, oferecendo-lhe a espuma das ondas, que balouçam na minha piscina insuflável.


E sentir que os passos seguem embrulhados em celofane. Que a cancela do mundo ainda está por abrir. Que os pés deslizam nus e protegidos, mas desalentados. Onde não há frio não há fogo. Sem formigas, não há açúcar. E as abelhas moram para lá, depois de lá. O mel só o imagino, de amarelo, quando ele é encarnado.


Quem sabe o mar me engula e me ensine a nadar afogando. Quem sabe essa floresta cinzenta esteja mais perto do que eu imagino. E eu quero-a. Preciso dela para não ter só um metro e sessenta. Quero sem saber o que é mas o que parece, e por isso quem sabe o tiro seja maior do que espero e peço.
Quem sabe as palavras salvarão o início. Quem sabe as palavras querem que eu saia por elas mas eu não as deixarei sair.


Para quando conhecer o deserto do mundo? Para quando provar os espinhos da Terra?

Para quando amanhã, falar contigo e começar tudo?

1 comentário:

xtr3m disse...

Lol a ultima frase resume tudo =)