quinta-feira, fevereiro 22, 2007

Troquei Paula Rego por cervejas e linguados

Baying
Paula Rego


Este quadro é da famosa pintora portuguesa Paula Rego. Insere-se na sua fase de criação "Dog Woman":) Hoje comprei os 3 volumes em promoção na Fnac da sua obra gráfica completa! Fiquei com uma forte curiosidade de conhecer mais pintores portugueses como o Amadeo de Souza-Cardoso e o Mário Cesariny ou a Vieira da Silva.


A verdade é que troquei uma vista de olhos mais atenta pela colecção para ir ter com uns amigos malucos, que decidiram comprar cervejas à Feira Nova. Cervejas Sagres diga-se! A Bohemia até entra agora a brancaaa epáaaaa que arrepios! E não são de prazer!


O balanço foi muito positivo visto que já há muito tempo que não dava arrotos sonoros como os que dei e já há algum tempo também que não treinava linguados! Obrigada pelo conselho: "Fecha a boca e trabalha mais os lábios!"


No ar pairou uma frase de mestre: "Epá os rapazes que eu gosto não me protegem, não me oferecem segurança, são coninhas! Os que eu não gosto querem-me comer (leia-se fo em vez de com)... epá e eu ... "Tá bem!"

domingo, fevereiro 18, 2007

Grândola

Chega em planície aberta. Respira por entre o repouso. Liberta a luz descoberta. Rima com Zeca Afonso.

Árvores. Passando como folhas em comboios. Focando os troncos desfocados. Nítidas como pedras recortadas, bordando a terra de grinaldas.

E eu sacrificada nos sobreiros. Retorcida, agonizada, sangrando os troncos de pele descarnada. Grossos nus, incandescentes, o sol avermelhando. E por fim com crueldade, cortada nos veios, a cortiça guarda o meu corpo enrugado.

A praia. Mar verde, areia molhada. O cheiro da língua salgada. O céu. Ferindo a luz dos olhos, desvelando todos os recantos do prazer. Os meus pêlos sentindo os grãos de vento moderado. O meu cérebro descendo as pálpebras. O calor subindo-me as pernas, desferindo-me moleza no peito. E tudo o que fica é o mais precioso nada como areia dispersada Ah, A praia.


Frio, ou o sonho quente na minha mão

Fosse escuro, fosse noite. Fosse luz, brilhasse o dia. Eu sei bem o que te fazia. Mergulhava a minha mão no teu peito, entrelaçava os meus dedos na tua traqueia e na tua aorta. Aconchegava a minha mão às tuas entranhas, amolecendo-a no calor da tua respiração, da tua corrente de sangue. E vagarosamente puxava, puxava. Puxava. Até arrancar-te. Até esvaíres-te indefeso nos meus braços. Até derreter-se na minha boca o arrepio da posse. O poder de submeter-te ao que quisesse. O poder de ter-te o tanto grande que quero, e não posso.
Assim possuído em minha mão, como um passarinho encurralado, colava a minha traqueia na tua, e a minha aorta ao teu coração.

Estrelinhas. Frias, pálidas, luzindo. Enfeitando como delicadas pérolas o manto do céu. Faróis minúsculos cintilando no preto oceano. Caracolinhos encaracoladinhos brilhando no escurinho.

E a lagriminha descendo sozinha a colina, com sua trouxinha de passado às costas.

sexta-feira, fevereiro 16, 2007

O Lavar das Tripas

... É esquisito quando queremos chorar e não conseguimos. Parece que ficamos com uma massa disforme e negra dentro da barriga e não conseguimos vomitar. E ela pesa muito.
É incrível como em 1h a minha opinião mudou drasticamente. Percebo agora que pior do que ter tolerância 0, é haver outras caras que já captaram os teus olhos. Mentes brilhantes, cultas, com os teus gostos. Captaram-te pelo cordão umbilical, pela raíz. E tu não as consegues deixar mais.
Mas eu ... meros segundos terei captado a tua gargalhada e apenas. Por isso tu escorres facilmente entre os meus dedos. E já não voltas.
É tudo uma grande bola platónica e teórica que mete nojo, é verdade. Mas quero lá saber, o blog é meu.

Por isso mudei de ideias. Para quê imaginar os teus olhos dentro de mim, cravados entre os meus tecidos e o meu sangue, se tu já me lavaste? Lavo-te eu agora...e a água que fique suja em vez de mim. Darei início à expurgação, embora espere e queira vacilar.

Dependência: Muita

bufa (de bufar), s. f. ventosidade que sai sem ruído pelo ânus e que tem cheiro desagradável; (antigo) peça de reforço, com uma asa, que se colocava nas armaduras, na parte anterior do braço esquerdo; nome vulgar da toninha.

bucéfala, s. m. género de aves anseriformes da família das anatídeas.

buço (Lat. bucceu) , s. m. bigode pequeno; bigode incipiente; parte constitutiva da rede de saco chamada cabeceira.

Já chega de obsessão pela entrada buc e buf do dicionário.

Cheira a bufa lá no laboratório de análises, que mais parece uma arrecadação. Porque é que eu desconfio sempre das velhinhas?
Enquanto olho para um sr. careca a tocar Carlos Paredes, no programa da manhã da rtp1, ele estrebucha, ele parece que tem rendas nos dedos.
Vejo que o Carlos Paredes e a Christina Aguilera têm algo em comum: as gaivotas. Um gaivotas nas mãos, outra gaivotas na voz.

Não me apetece falar com pessoas, apetece-me comê-las. Não é "comê-las" é comê-las mesmo. Começar pelos olhos (pelos teus olhos) engulidos, esmagados contra o céu da boca, apertados entre as amígdalas, afogando-se na saliva, conhecendo na descida a minha faringe, o meu esófago. Penetrando o estômago, boiando em ácido, levando pancada. Ahhhh conheçe o meu estômago. Vê o que tenho cá dentro. E eu já não preciso de falar. Contorce-te no duodeno, sofre com a minha bílis. Cega, cega tu que eu já estou.

Romantic Dreams

Marcus C. Stone

quinta-feira, fevereiro 15, 2007

A Inaudita Guerra da Migalha

Decidi que o grão de areia será desenterrado. Vou soltar a migalha que rói devagarinho, todos os dias, sempre que há tempo. Vou esticar a ponta do sorriso mesmo que não sorria. Deixar sair o sussurro do vento, deixá-lo evaporar e perder-se com os outros (sussurros) libertados. E na praia, na margem do rio, não olhar o horizonte e esperar. Agarrar a linha e falar com ela, oferecendo-lhe a espuma das ondas, que balouçam na minha piscina insuflável.


E sentir que os passos seguem embrulhados em celofane. Que a cancela do mundo ainda está por abrir. Que os pés deslizam nus e protegidos, mas desalentados. Onde não há frio não há fogo. Sem formigas, não há açúcar. E as abelhas moram para lá, depois de lá. O mel só o imagino, de amarelo, quando ele é encarnado.


Quem sabe o mar me engula e me ensine a nadar afogando. Quem sabe essa floresta cinzenta esteja mais perto do que eu imagino. E eu quero-a. Preciso dela para não ter só um metro e sessenta. Quero sem saber o que é mas o que parece, e por isso quem sabe o tiro seja maior do que espero e peço.
Quem sabe as palavras salvarão o início. Quem sabe as palavras querem que eu saia por elas mas eu não as deixarei sair.


Para quando conhecer o deserto do mundo? Para quando provar os espinhos da Terra?

Para quando amanhã, falar contigo e começar tudo?

quarta-feira, fevereiro 14, 2007

Patinhas brancas, alcochoando o alcatrão, passo a passo. Gato preto. Estrada escura. Noite, já caída.

E tu, na minha mente. Fazendo-me sentir gotas de desgosto.

Porque não te revelas, porque não me revelo eu?

sábado, fevereiro 10, 2007

Vejo,
a manhã arregaçando a noite,
os raios desfraldando o sol,
as nuvens almofadando o azul.

Penso em ti,
na promessa de ti
E depressa a chuva cai
Deformando a luz
Por dentro do que olho.

Há sempre a promessa de ti
Chorando as cortinas
do dia.
Tropeçando no escuro
Soluçando em branco,
Desaguando,
entre o frio
e o desencanto.

sexta-feira, fevereiro 09, 2007

As Palavras


As palavras
São como um cristal,
Algumas, um punhal
um incêndio.
Outras,
orvalho apenas.

Secretas vêm, cheias de memória.

Inseguras navegam:
barcos ou beijos,
as águas estremecem.


Desamparadas, inocentes,
leves.
Tecidas são de luz
e são a noite.
E mesmo pálidas
verdes paraísos lembram ainda.

Quem as escuta?
Quem as recolhe, assim,
cruéis, desfeitas,
nas suas conchas puras?

Eugénio de Andrade


Há palavras que nos soam mais deliciosas que as outras; mais doces, mais harmoniosas, mais agradáveis;
mais especiais.

Decidi partilhar algumas dessas palavras que são, para mim, particularmente belas. Todas pela sonoridade, quase todas pela encantadora conjugação significado-sonoridade (i).

Espero que deixem a vossa língua sentir-lhes lentamente o relevo, apreciando-as letra a letra.

dissidente (embora prefira o inglês dissident) - (Lat. dissidente), adj. e s. m. e f. que o a pessoa que diverge da opinião de outrem; discordante; que se separou de um grupo religioso ou político por divergir da opinião geral; cismático.

lupanário - adj. relativo a lupanar - (Lat. lupanar), s. m. casa de prostituição; bordel; alcoice; prostíbulo.


(i) misantropo - (Gr. misánthropos > miséo, odeio) + ánthropos, homem), s. m. aquele que tem ódio à sociedade, que evita a convivência ; (pop.) homem melancólico; adj. melancólico; sorumbático.

(i) resvaladiço - adj. escorregadio; íngreme; (fig.) perigoso.

(i) lascívia - (Lat. lascivia), s. f. sensualidade; qualidade de lascivo - (Lat. lascivu, saltitante), adj. sesual; libidinoso; devasso; lúbrico; bricalhão; travesso.

(i) luciluzir - v. int. lucilar; tremeluzir; luzir espaçadamente.

(i) jactância - s. f. defeito de se gabar com exagero; arrogância; alarde; bazófia; amor próprio; soberba; ostentação.

(i) necrotério - (Gr. nekrós, cadáver + térion, indicativo de lugar onde), s. m. lugar onde se expõem os cadáveres para serem autopsiados ou identificados.

(i) flabeliforme - (Lat. flabellu, leque + forma), adj. flabelado - (Lat. flabellatu), adj. em forma de leque.

(i) cirandar - v. tr. passar pela ciranda; joeirar; peneirar; v. int. (fam.) andar de um lado para o outro; dançar, cantar ou tocar a ciranda - (Ár. saranda, crivo), s. f. peneira grossa, com que se joeiram os grãos , areia, etc.; dança e descante popular.


(i) tibuteante - (não vem no meu dicionário, mas existe!) - de forma sinuosa, aos ziguezagues.

quarta-feira, fevereiro 07, 2007

Arte. Perfume esgarrando a Rosa. O barro doce da loiça. Tela molestada à inquietação da cor. O bronze movendo, sorrindo, vivendo perpetuado nos corpos do jardim. A Arte. Expirando-me aos píncaros do prazer.

A Alma. Talvez a presença transparente de alguém no banco, ao meu lado. Sustendo a bola do mundo. E de mim, o fumo. Ignoram-me de bronze os corpos mortos, no jardim. Há neles mais vida do que em mim. Vibrando com a frenética esfera dourada, celebrando o sol.

A Contra Alegria. O vento arfando o silêncio, descorando o rosto. O sossego de alguma coisa diluída, nos meus olhos. O frio lambendo o chumbo, a minha boca. A Alegria. Pendurada, de manhã, no infantário. Tinha fitas no cabelo bordadas, pela mãe. Tinha camisolas de Inverno também. Tinha flores antes do almoço. E a água sabia a gelatina.

O Vácuo. Ranger de folhas secas nuns pés cortando a fio. Um tiroteio guinchando o estalo do mundo. A Surdez. Nuvem sôfrega, abocanhando algodão. O Silêncio. Restolhar de folhas, chorando os mortos. A Morte. Garganta espessa engolindo.

segunda-feira, fevereiro 05, 2007

A Guerra


"Quero dar-te peixes vermelhos"

Para largares na tua poça lamacenta

A nadar de olhos rombos,

Pesando o sangue.

Quero estraçalhar-te a boca,

Pô-la surda e deformada

e queimar-te as mãos de golpes.

Quero ver a morte mastigando-te

o corpo infantil,

cuspindo-o estuprado

no silêncio.

sábado, fevereiro 03, 2007

Que faz aí meu sorriso?
Enlaçado nos teus passos,
Costurado ao teu casaco,
Desfilando por teus braços

Que faz aí meu contentamento?
Aninhado ao teu pescoço
Crescendo completo em teu abraço,
Ajeitando o coração em alvoroço

Que faz aí minha tristeza lassa?
Marchando euforia ensaiada,
Disparando palavras sem signo
Esburacando, esburacando, esburacando
Seus vermes à noitinha

Que faz aí minha inércia?
Erguendo o roxo de um lírio
Denso e profundo,
Seguro em desiquilíbrio.
Alguém partindo querendo a volta
Quebrado ao vício do delírio.

quinta-feira, fevereiro 01, 2007

Pôr esta era inevitável ! :)




Encontrei este casal algures pela net ... oferecendo sexo selvagem e drogas a todo o ppl do bem, do peace & love!

Fiquei tentada a conhecê-los, mas tive medo de viciar-me neles ... Acham que há motivos para isso? :)