Séraphine (2009)
Quando estou triste, vou para o campo e ouço os pássaros. E passa.
Qualquer semelhança com a foto colocada num post mais abaixo é capaz de não ser pura coincidência.
Apesar de não ser, enquanto filme, uma obra de assinalável qualidade, vale bem a pena pela artista que pretende retratar. Séraphine de Senlis foi uma pintora do século XX unicamente guiada pela intuição e sensibilidade de que se via inspirada através tanto da forte devoção cristã como, ironicamente, de uma profunda devoção pagã, pela Natureza. O talento de Séraphine, a gata borralheira de meia-idade que esgotava o seu dinheiro em material para pintura e entoava cânticos religiosos à luz da vela, enquanto pintava em tábuas de madeira, foi descoberto já num perído tardio da sua vida pelo então famoso coleccionador de arte Wilhelm Uhde, que descobriu também Rosseau. Arte naïve chamar-lhe-iam, mas ele preferiu chamar-lhes "os primitivos modernos". Já impossível será dissociar naïve da personalidade excêntrica de Séraphine, que amava puramente o vento, as árvores, os rios e os animais ... como nenhum outro. Tal alma ingénua e crédula, perante a possibilidade de realização do sonho de uma vida, a exposição dos seus quadros, abater-se-á facilmente diante de contrariedades que, inesperadamente, o impeçam. Daí até à loucura ... será um passo.
Quando estou triste, vou para o campo e ouço os pássaros. E passa.
Sem comentários:
Enviar um comentário