Eu não implorei nada, mas esperei. E esperar tem a violência do estar sem ter, a brutalidade da falta oferecida de presente. Obrigada. Eu não pedi, mas esperei mudamente e nunca veio nada em resposta ao meu silêncio. É claro. Compreendo. Eu não tentei, não corri, não andei. Mas esperei. Pensava que para viajar bastava sentir como dizia o Alberto Caeiro. Acabas de desafiar o Fernando. Espero que ele te venha assombrar nestas noites em que eu continuo à espera. Nestas noites em que pensar incomoda como andar à chuva. E pensar em ti incomoda como ser queimada em praça pública pela Inquisição. Sinto-me acusada de ser. Uma imensa culpa do que sou.
Ah, obrigada.
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